domingo, dezembro 15, 2013


- Tem alguém aí do outro lado?
- Tem alguém aí em cima, olhando?
Ninguém respondeu ao chamado
O silêncio permaneceu calando

Não, não tem ninguém aí fora
Mas tem alguém aqui dentro de mim
Com um sentimento que pulsa, aflora
E uma vontade imensa de dizer sim

Há um caminho inteiro a ser percorrido
Uma vida pedindo pra ser vivida
Um passado precisando ser esquecido
Um novo e promissor ponto de partida...

quinta-feira, novembro 28, 2013


A vida se tornou um interminável pesadelo
Uma eterna sensação de devaneio
Apatia, consternação, desmazelo
Confusão, remorso e bloqueio

Lembranças que vêm do nada
Como uma avalanche a me soterrar
Me deixam no chão, estirada
Sem força alguma para levantar

Falta um pedaço imenso de mim
Que você levou consigo ao partir
É uma dor pesada e sem fim
Saber que você foi e me deixou aqui.

quarta-feira, novembro 27, 2013


Nem todas as lágrimas do mundo seriam capazes de expressar o tamanho da tristeza que sinto nesse momento. Saber que aquele adeus foi pra sempre, que aquele último toque na sua patinha foi realmente o último, que eu nunca mais vou poder te colocar no colo...
nunca mais é tempo demais!
Você foi meu anjinho, meu diabinho, meu menino, minha bola de pelos, meu bochechudo, meu gordo, meu companheiro, meu rei do mau-humor, meu sobrinho gato mais lindo desse mundo e eu nunca quero esquecer da sua maneira de ser, suas manias, seus gestos, suas implicâncias, tudo em você que vai fazer tanta falta.
Nesses quase 9 anos de vida, você foi muito amado e eu fiz tudo que pude pra que você soubesse disso todos os dias, com meus beijos, abraços, carinhos e brincadeiras. Ah, as brincadeiras... como você gostava de passar as madrugadas correndo e se escondendo pela casa, à espreita pra me assustar!
Vou demorar pra perder a mania de abrir a porta do banheiro com cuidado, pois você sempre estava lá encostado na porta, prestes a ser pisoteado por algum desavisado que saísse de lá. Aliás, fazer a gente quase te pisotear era sua especialidade, principalmente quando passávamos pela cozinha e você corria na nossa frente, fazendo aquele barulho de pombo e quase nos derrubando no chão. E por falar em cozinha, seu gosto refinado para comidas era inacreditável. Não gostava de quase nada além de ração, mas ficava louco quando sentia cheiro de café, scones e cupcakes de chocomenta, seus pratos exóticos favoritos!
A cama vai ficar mais vazia sem você, sem suas patinhas afofando o edredom, sem seus arranhões quando acordava assustado com algum movimento brusco de pés humanos. Ai, como vou sentir saudade dos seus arranhões, de contar sorrindo o porquê daquelas marcas no meu corpo e lembrar por dias de algo que você tinha aprontado.
Vou sentir falta da sua cara de desdém, da sua raiva quando alguém pegava na sua barriga, do carinho que a gente fazia na sua orelha e te dava coceira, das suas patinhas escorregando no chão quando você corria de algo que te assustava, do seu ronco quando dormia profundamente, do seu jeito de "insultar" quem passava perto demais de onde você estava, do seu jeito desastrado de comer ração e derrubar vários grãos ao redor da tigela, da delicadeza que você tinha ao beber água, do seu jeito de passar pelas nossas pernas meio "sem querer", da sua falta de habilidade pra enterrar as coisas na caixinha de areia (e do barulho das suas patas arranhando tudo que estivesse ao redor), da fungadinha que você costumava dar na minha boca quando eu me aproximava do seu rostinho.
Vai em paz, meu amor, que eu vou ficar aqui te amando pra sempre.

Para Salem (2005 - 2013)

sexta-feira, novembro 22, 2013


Às vezes parece que a gente tá fazendo tudo errado.
É como se a vida fosse uma incontável sucessão de erros, um ciclo interminável de desastres.
Nada parece fazer sentido quando deito a cabeça no travesseiro.
Minhas ideias, sentimentos e fracassos formam um emaranhado de coisas que não me deixam dormir... e depois não me deixam acordar daqueles sonhos malucos que não dizem nada... ou dizem tudo?
Cada vez que ajo com um pouco de decência, sou tratada como uma completa imbecil que não sabe o que faz (ou fala). Mas, pra mim, ELES é que são absurdos, ELES é que não enxergam além do próprio universo.
Será que estou errada em tentar me colocar no lugar do outro? Ou eu deveria me colocar no meu próprio lugar e não sair de lá nunca mais?

terça-feira, novembro 12, 2013


Amores plastificados
Beijos encenados
Namoros simulados
Depoimentos forçados

Poemas mentirosos
Atos indecorosos
Instintos perniciosos
Discursos asquerosos

Frivolidade evidente
Mau caráter indecente 
Mentalidade doente
Perversidade inerente

terça-feira, novembro 05, 2013


Já fui tantas que nem sei mais
Quem eu fui ou quem eu sou
Às vezes parece simples demais
Sou apenas aquilo que restou

Mas o que será que foi?
O que será que continua aqui?
O que será que insisto ser
Nessa difícil tarefa de existir?

Uma amálgama de emoções
Reside em minha alma inquieta
Medos, angústias, indecisões
E a certeza de uma vida incerta.

segunda-feira, setembro 23, 2013

Estou cansada.
Cansada dos telejornais sensacionalistas,
das comédias românticas cheias de clichê,
desse calor infernal que queima a minha pele,
dessa angústia que nunca passa.
Estou cansada.
Cansada de me preocupar com as contas do mês,
dessa minha mania de nunca terminar o que começo,
de não ter esperança de que venham dias melhores,
de passar as tardes olhando para essa tela de mentiras,
de não ter coragem de me libertar.
Estou cansada.
Cansada de frases ridículas de autoajuda,
de me sentir inadequada, fora do meu lugar,
de ser tudo aquilo que eu mais odeio,
de suportar pessoas insuportáveis,
de ter que omitir minhas ideias.
Cansei.

domingo, julho 28, 2013

A chuva forte encharcava minha roupa e entrei na primeira porta que encontrei aberta. Parecia um galpão, mas aos poucos fui me dando conta de onde estava... era um hospital.
Em meio à movimentação, vi um homem carregando uma criança. A menina, loira e angelical, devia ter uns sete anos de idade e veio parar nos meus braços de um maneira tão rápida que nem soube ao certo como. Ela ardia em febre e eu tentava acalmá-la, acariciando seus cabelos, seu rostinho e... -AI! - ela me deu uma mordida tão forte que me fez soltá-la, e saiu correndo, com aquela camisola branca e comprida.
Olhei para minha mão, e ela sangrava pelas marcas dos pequenos dentes da menina. Por instinto, suguei aquele sangue e cuspi no chão, como quem tenta retirar um veneno de cobra e logo procurei um banheiro para lavar o ferimento. Entrei numa portinha pequena e lavei a mão, que já sangrava bem menos.
Ao sair, percebi um clima diferente, um ar de preocupação bastante perceptível entre os funcionários do hospital, que pareciam cautelosos e com um pouco de medo. Aquele clima atiçou minha curiosidade e resolvi entrar na outra parte do hospital, onde haviam os quartos e consultórios. Ao entrar, ouvi uma conversa sobre algum "vírus" e logo percebi que se tratava daquela menina que eu carreguei nos braços. Aquilo me deu um arrepio na espinha e resolvi procurá-la, mesmo sabendo que poderia ser um encontro não tão agradável. Ao observar o longo corredor, vi que ela estava lá no final, parada, me observando. Meu instinto mais uma vez falou mais alto e eu a segui.
Cada vez que eu parecia me aproximar, ela caminhava mais um pouco e a sensação era a de estar em um labirinto. Eram tantas portas e corredores que eu não saberia voltar sem a ajuda de um funcionário ou um mapa, então decidi seguir. Em um certo momento, ela desapareceu e eu fiquei com um medo terrível de que ela aparecesse de novo. Na verdade, eu estava torcendo para não encontrá-la.
Em um dos milhares de corredores, vi uma porta diferente, toda feita em madeira. Quando abri a porta, me deparei com uma espécie de auditório, com um palco contendo quatro enormes poltronas. Na plateia, havia sete pessoas, que viraram seus rostos imediatamente. Seus olhos, completamente brancos, me encararam de uma maneira que ninguém nunca tinha me encarado antes...

sexta-feira, junho 28, 2013


Estou cheia desse vazio
Estou prestes a explodir
Uma imensidão de nada
Cresce dentro de mim

Ausente do meu corpo
Presente na minha solidão
Cercada de sons irritantes
(E uma melodia que acalenta)

Pensamentos confusos
Sentimentos desencontrados
Palavras sem nexo
Rimas perdidas

E o que fazer com essa saudade
Que eu sei que nunca vai passar?

quinta-feira, abril 04, 2013


Hoje eu vi você ir embora
Sem ao menos se afastar de mim
Vi também os fantasmas de outrora
Anunciarem o aterrorizante fim

Uma história que acabou sem ponto final
Numa falta de resolução reticente
Entre vírgulas e lições de moral
Restou o sofrimento, cruel e latente

Desaprendi a tocar seu corpo
E a minha boca não consegue proferir
Que esse sentimento, estranho e torto
É uma vontade incontrolável de ir

Será que iremos? Será que fomos
Algo que nunca será novamente?
Será que ainda assim, ainda somos
Uma história que seguirá em frente?

quarta-feira, março 13, 2013


Não quero implorar por abraços
Nem chorar sozinha na madrugada
Não quero correr atrás dos seus passos
Até cansar e ser abandonada

Morrendo na praia deserta da solidão
Náufraga de minha própria fraqueza
Na noite, somente eu e a escuridão
Contemplamos a melancolia da natureza

A lua está cheia desses lamentos
Desta poetisa tão mal-sucedida
Um ser humano cheio de tormentos
Sem saber o que fazer com a própria vida

terça-feira, fevereiro 19, 2013


Eu te conheci em uma madrugada
Em que seu choro era o único som
Imediatamente, fiquei emocionada
Com você, pequeno anjinho bom

Você demonstrou medo e hesitação
De quem não confia nesse mundo
E eu realmente não tiro a sua razão
Pois conheço bem esse planeta imundo

Eu queria te colocar nos braços
E fazer você dormir em paz
Infelizmente, agora seus passos
Já não me pertencem mais

Mas eu continuarei por aqui
Com a porta aberta a te esperar
Quem sabe um dia você possa vir
Quem sabe um dia possa voltar

segunda-feira, janeiro 21, 2013


 A ganância drena a vida
Vida frágil, que se esvai lentamente
Faz sangrar a dolorosa ferida
Que seca, exposta ao Sol incandescente

A única água que molha aquele solo
São as lágrimas do velho boiadeiro
Que traz dor e tristeza a tiracolo
E vê a vida valer menos que dinheiro

Entre os urubus e os xiquexiques
A morte é certeira e vagarosa
E não há nada que justifique
O abandono dessa terra silenciosa.