domingo, julho 28, 2013

A chuva forte encharcava minha roupa e entrei na primeira porta que encontrei aberta. Parecia um galpão, mas aos poucos fui me dando conta de onde estava... era um hospital.
Em meio à movimentação, vi um homem carregando uma criança. A menina, loira e angelical, devia ter uns sete anos de idade e veio parar nos meus braços de um maneira tão rápida que nem soube ao certo como. Ela ardia em febre e eu tentava acalmá-la, acariciando seus cabelos, seu rostinho e... -AI! - ela me deu uma mordida tão forte que me fez soltá-la, e saiu correndo, com aquela camisola branca e comprida.
Olhei para minha mão, e ela sangrava pelas marcas dos pequenos dentes da menina. Por instinto, suguei aquele sangue e cuspi no chão, como quem tenta retirar um veneno de cobra e logo procurei um banheiro para lavar o ferimento. Entrei numa portinha pequena e lavei a mão, que já sangrava bem menos.
Ao sair, percebi um clima diferente, um ar de preocupação bastante perceptível entre os funcionários do hospital, que pareciam cautelosos e com um pouco de medo. Aquele clima atiçou minha curiosidade e resolvi entrar na outra parte do hospital, onde haviam os quartos e consultórios. Ao entrar, ouvi uma conversa sobre algum "vírus" e logo percebi que se tratava daquela menina que eu carreguei nos braços. Aquilo me deu um arrepio na espinha e resolvi procurá-la, mesmo sabendo que poderia ser um encontro não tão agradável. Ao observar o longo corredor, vi que ela estava lá no final, parada, me observando. Meu instinto mais uma vez falou mais alto e eu a segui.
Cada vez que eu parecia me aproximar, ela caminhava mais um pouco e a sensação era a de estar em um labirinto. Eram tantas portas e corredores que eu não saberia voltar sem a ajuda de um funcionário ou um mapa, então decidi seguir. Em um certo momento, ela desapareceu e eu fiquei com um medo terrível de que ela aparecesse de novo. Na verdade, eu estava torcendo para não encontrá-la.
Em um dos milhares de corredores, vi uma porta diferente, toda feita em madeira. Quando abri a porta, me deparei com uma espécie de auditório, com um palco contendo quatro enormes poltronas. Na plateia, havia sete pessoas, que viraram seus rostos imediatamente. Seus olhos, completamente brancos, me encararam de uma maneira que ninguém nunca tinha me encarado antes...