quarta-feira, maio 20, 2015


Eu não consigo respirar
Eu não consigo me mover
Não consigo sair dessa teia
Que construí pra me proteger

Eles estão ao meu redor
Divertem-se ao ver minha tristeza
O meu medo me paralisou
Fez de mim minha própria presa

A vida ainda existe lá fora
Embora aqui já não reste mais nada
Apenas uma velha aranha
Triste, sozinha e amargurada


Eu gostaria de ser como os outros
Com seus sorrisos imaculados
E seus defeitos envoltos
Em belos envelopes vedados

Suas frases bem articuladas
Seus perfumes inebriantes
Suas festas iluminadas
Seus olhares apaixonantes

O brilho de uma juventude
Que eu sinto ter perdido
No meio de tanta quietude

quinta-feira, março 05, 2015


Tem dias que a gente cansa
de tentar fingir que tá tudo bem
de forçar um sorriso amarelo
de lutar pelas nossas causas
- que a gente pensava serem compartilhadas
mas são só nossas mesmo -
de assistir ao mesmo espetáculo
de fingir que acredita na felicidade alheia
de ver pessoas ruins se dando bem
de ver pessoas do bem se dando mal
de não poder voltar no tempo
de não poder acelerar o tempo
de ter um trabalho exaustivo
de não ter trabalho, nem dinheiro
de se deixar consumir pela tristeza
de ver o mundo ser destruído
por pessoas
como nós