terça-feira, setembro 11, 2018

Ao me ver julgando sonhos alheios
Percebi que havia desistido dos meus
Tantos planos, desejos e anseios
Sumiram sem aviso, nem adeus

Quando a gente se sente murchar
Não consegue ajudar a florescer
O jardim de alguém que quer plantar
E ver algo maravilhoso crescer

Viramos erva daninha sem perceber
Nos espalhando por todo lugar
Sempre a arruinar e tolher
Tudo aquilo que tenta nos parar

É preciso coragem para podar
O que parece ser permanente
Mas só assim é possível desabrochar
Um novo broto de dentro da gente.

quarta-feira, fevereiro 14, 2018


Fechou os olhos pela última vez
Deixou sonhos e uma pilha de louças na pia
Um cotidiano de repente se desfez
Silêncio mórbido naquela varanda vazia

O telefone ecoando em cada canto
Aquele último gole que ficou no copo
A incerteza transformada em pranto
A lembrança que restou na foto

O mundo, por um instante, pareceu parar
Enquanto a vida virava um corpo
Tudo que existia pareceu se dissipar
Naquele instante fugaz e absorto.

terça-feira, janeiro 16, 2018


A juventude que eu nunca vivi
É feita de sonhos e rebeldia
De sensações que nunca senti
E da crua delicadeza da poesia

Esse lugar que eu não conheço
Mas que parece tão familiar
Não possui nome ou endereço
Porém sinto que é o meu lar

Nele posso ser quem eu sou
Ao lado daqueles que não conheci
Ser livre de um jeito que não sou
Sentir prazer em apenas existir

Queimar rápido feito cigarro ao vento
Sentir a vida em mim inteiramente
Me deixar levar pelo pensamento
Libertar o corpo e a mente

Será que algum dia vai sumir
Essa enorme dor de saber
Que tudo isso que não vivi
Também nunca irá acontecer?