terça-feira, maio 21, 2019


Os desertores são lembretes dolorosos
De que aqui não é lugar para quem sente
Só há espaço para os inescrupulosos
E o exílio pra quem é divergente.

O mal ao redor mina nossa energia
Como que pra nos fazer desistir
Roubam nossa arte e nossa poesia
Pra que fique impossível resistir.

Mas, como lótus, brotamos da lama
Gerando vida de maneira inesperada
Nossa alma ama, inflama, clama
Pra que sigamos firmes na jornada.

terça-feira, setembro 11, 2018

Ao me ver julgando sonhos alheios
Percebi que havia desistido dos meus
Tantos planos, desejos e anseios
Sumiram sem aviso, nem adeus

Quando a gente se sente murchar
Não consegue ajudar a florescer
O jardim de alguém que quer plantar
E ver algo maravilhoso crescer

Viramos erva daninha sem perceber
Nos espalhando por todo lugar
Sempre a arruinar e tolher
Tudo aquilo que tenta nos parar

É preciso coragem para podar
O que parece ser permanente
Mas só assim é possível desabrochar
Um novo broto de dentro da gente.

quarta-feira, fevereiro 14, 2018


Fechou os olhos pela última vez
Deixou sonhos e uma pilha de louças na pia
Um cotidiano de repente se desfez
Silêncio mórbido naquela varanda vazia

O telefone ecoando em cada canto
Aquele último gole que ficou no copo
A incerteza transformada em pranto
A lembrança que restou na foto

O mundo, por um instante, pareceu parar
Enquanto a vida virava um corpo
Tudo que existia pareceu se dissipar
Naquele instante fugaz e absorto.

terça-feira, janeiro 16, 2018


A juventude que eu nunca vivi
É feita de sonhos e rebeldia
De sensações que nunca senti
E da crua delicadeza da poesia

Esse lugar que eu não conheço
Mas que parece tão familiar
Não possui nome ou endereço
Porém sinto que é o meu lar

Nele posso ser quem eu sou
Ao lado daqueles que não conheci
Ser livre de um jeito que não sou
Sentir prazer em apenas existir

Queimar rápido feito cigarro ao vento
Sentir a vida em mim inteiramente
Me deixar levar pelo pensamento
Libertar o corpo e a mente

Será que algum dia vai sumir
Essa enorme dor de saber
Que tudo isso que não vivi
Também nunca irá acontecer?

quarta-feira, setembro 27, 2017

Eu me perdi dentro de mim
Dentro desse universo particular
Imensidão de desassossego
Galáxia de estrelas mortas.

quinta-feira, julho 07, 2016


Inerte, imóvel, paralisada
O mundo se move abaixo de mim
Permaneço assim, estagnada
Sem saber se isso terá fim

Vejo passar várias vidas
Diante de meus pés descalços
Muitas chegadas e partidas
Alegrias e vários percalços

O não pertencimento faz parte
Daquilo que chamo de eu
Um pequeno universo à parte
Cheio de dúvida e de breu

O tempo passa cada vez mais veloz
E eu não tenho paciência

quarta-feira, abril 27, 2016


Inventei você pra me distrair
Inventei outro eu pra você gostar
Nesse jogo fui em que me perdi
Sem saber como nos desinventar

Quebra-cabeça de peças falsificadas
Retrato de um sorriso fingido
Um infinito de palavras não faladas
Um adeus ao que poderia ter sido